terça-feira, 28 de abril de 2020

FILOSOFIA ORIENTAL E SUA APLICABILIDADE COMTEMPORÂNEA


PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL






PÓS-GRADUAÇÃO

EM FILOSOFIA E AUTOCONHECIMENTO:

USO PESSOAL E PROFISSIONAL






FILOSOFIA ORIENTAL E SUA

APLICABILIDADE COMTEMPORÂNEA















ALUNO: Hernando Feitosa

Bezerra

chagal@uol.com.br

ORIENTADOR: Alexandre

Anselmo Guilherme






















São Paulo - SP
Pós-graduação em Filosofia e Autoconhecimento: Uso Pessoal e Profissional






SUMÁRIO


0.
Resumo e Abstract
02




1.
Introdução






03




2.









05




Desenvolvimento


2.1
Filosofia: aspectos












gerais






2.2
A Filosofia Oriental e sua Aplicabilidade Contemporânea






2.3 O Confucionismo na Modernidade





3.
Considerações Finais
13




4.











Referências Bibliográficas
14
































































01




CONFUCIONISMO E A FILOSOFIA ORIENTAL: APLICABILIDADE CONTEMPORÂNEA

RESUMO: O presente estudo atende a necessidade de melhor compreender a filosofia oriental e o Confucionismo e suas influências na atualidade. Assim, esse presente artigo teve como objetivo compreender as principais influências e aplicabilidades da filosofia oriental com ênfase no confucionismo na sociedade contemporânea. E para o alcance deste deve realizar um apanhado geral acerca dos principais estudos documentados já realizados, de relevância e com fornecimento de dados atuais quanto ao tema, através de buscas em livros, revistas, periódicos, e nas plataformas de pesquisa acadêmica como: Google acadêmico e SCIELO. Buscando, dessa forma, compreender as principais influências e aplicabilidades da filosofia oriental com ênfase no confucionismo na sociedade contemporânea, realizou-se a presente pesquisa bibliográfica a qual leva a conclusão de que, o Confucionismo já passou tempos esquecido, no entanto, na atualidade, vem despertando um interesse cada vez maior, tanto na China quanto em outros países emergentes, sendo seus conceitos analisados e debatidos no meio acadêmico filosófico, social e empresarial, servindo como orientação para líderes e profissionais.




PALAVRAS-CHAVE: Filosofia Chinesa. Confúcio. Pensamento. Oriental.

Contemporâneo.


Confucianism and Eastern Philosophy: contemporary applicability

ABSTRACT: This study addresses the need to better understand Eastern philosophy and Confucianism and its applicability today. Thus, this article aimed to understand the main influences and applicability of Eastern philosophy with an emphasis on Confucianism in contemporary society. And in order to reach this goal, you should carry out an overview of the main documented studies already carried out, of relevance and providing current data on the topic, through searches in books, magazines, periodicals, and on academic research platforms such as: Google academic and SCIELO. In this way, seeking to understand the main influences and applicability of Eastern philosophy with an emphasis on Confucianism in contemporary society, this bibliographic research was carried out, which leads to the conclusion that Confucianism has long been forgotten, however, nowadays, it has aroused increasing interest, both in China and in other emerging countries, with its concepts being analyzed and debated in the academic, philosophical, social and business world, serving as guidance for leaders and professionals.





KEYWORDS: Chinese philosophy. Confucius. Thought. Eastern. Contemporary.







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INTRODUÇÃO



Compreende-se a filosofia como a atividade que busca a compreensão, identificação e comunicação da realidade por meio de conceitos lógico-racionais, originada a partir do abandono da crença mitológica, a denominada desmitificação, em busca de conhecimentos mais “seguros”, ou seja, a partir de questionamentos das crenças impostas culturalmente e da busca por respostas (MENEZES, 2016).

A consciência mística das histórias mitológicas gregas eram crenças politeístas composta por deuses e outros seres rodeados de histórias sobre poderes e influencias que justificavam os acontecimentos e fenômenos que davam sentido ao universo, a partir da percepção que tratava-se de um pensamento fantasioso, cultural e popular, a mentalidade se transformou aos poucos, os conhecimentos e crenças passaram a ser relativizados e passou-se a buscar novas explicações, originando as argumentações e a capacidade de convencimento por meio da razão (MENEZES, 2016).

Com o desenvolvimento do comércio por meio das navegações a cultura passou a ser diversificada, quando povos de diferentes localidades entraram em contato, enfatizando o processo de relativização, além disso, a escrita alfabética, a política e a razão contribuíram para o advento da filosofia, e do período antropológico, inicialmente por Sócrates, denominado pai da filosofia, que desenvolveu a atitude filosófica e sucedido por Platão, seu discípulo, estes construíram as bases da busca por novos conhecimentos e tem influenciado a cultura ocidental até a era contemporânea, posterior a Platão, destacou-se seu discípulo Aristóteles que popularizou a filosofia grega (MENEZES, 2016).

Quanto a filosofia oriental, foi desenvolvida nos países asiáticos e do Oriente Médio, esta originou o Budismo, Taoismo, entre outros, estando entre os de maior destaque o Confucionismo, sistema filosófico que abrange aspectos como a moral, política, pedagogia e a religião, é considerado o “ensinamento dos sábios”, embora pouco valorizado pelos ocidentais. Confúcio (551-479 a. E. C.) é para os chineses no decorrer dos séculos, um exemplo de caráter intelectual, santidade, sabedoria e retidão moral a ser seguida por toda humanidade (VASCONCELOS, 2017).

No entanto, a partir da década de 1950 a popularidade da tradição intelectual de Confúcio foi reduzida frente a ascensão do marxismo-leninismo, além disso, para os ocidentais o filósofo e seus pensamentos eram de difícil entendimento frente a seus critérios conceituais, no entanto, com a advento da era contemporânea, observa-se uma busca maior pelo autoconhecimento e pela apreciação da sabedoria e pensamentos orientais, voltando novamente o olhar do povo ocidental as filosofias oriental e ao confucionismo (VASCONCELOS, 2017).

Diante disto este estudo tem como temática: o confucionismo e a Filosofia Oriental (objeto de estudo), e se delimitará a compreender sua aplicabilidade contemporânea. Quanto a problemática da pesquisa, define-se: “Quais as principais influências e aplicabilidades da filosofia oriental com ênfase no confucionismo a sociedade contemporânea?”.



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Entende-se que o confucionismo foi responsável por compilar e organizar antigas tradições da sabedoria chinesa, originando assim uma doutrina oficial na China, o que perdurou por mais de 25 séculos, no entanto, na Revolução Cultural chinesa (1966-1976) foi combatido como reacionário, momento em que tomou um novo impulso, devido as mudanças políticas no país, na atualidade, 24% da população chinesa declara-se ainda adepta do confucionismo. A partir do chamado ‘novo confucionismo’, após o inicio da Revolução Cultural Chinesa, houve maior compreensão acerca deste, pois, há caráter dialético com a filosofia ocidental e ainda relaciona-se aos processos de desenvolvimento-globalização, surgindo este novo movimento filosófico a partir dos embates reformistas no fim da dinastia Qing (1644-1911), em inglês o termo ‘confuncian revival’, nomeia o movimento de reavivamento de valores confucianos na China, abrangendo ativismo, expressões religiosas, práticas pedagógicas alternativas e até mesmo a atuação política do Estado (CHENG, 2008).

O interesse pelo tema surgiu a partir das associações apontadas dos movimentos ecológicos a filosofia de Confúcio, e ainda no intuito de compreender como o reavivamento de Confúcio e suas ideias poderá alterar e influenciar a sociedade e a educação Tradicional e moderna, não seriam necessariamente essências opostas que inibem a existência da outra, o mesmo se aplicando aos conceitos de ocidental e oriental. É ainda importante compreender a relação entre o moderno e o tradicional frente as concepções defendidas pelos ativistas confucianos.

Assim, este estudo tem como objetivo compreender as principais influências e aplicabilidades da filosofia oriental com ênfase no confucionismo na sociedade contemporânea.

Para atender ao objetivo proposto, optou-se pela pesquisa bibliográfica, que é conceituada por Marconi e Lakatos (2003) como a realização de um apanhado geral acerca dos principais estudos documentados já realizados, de relevância e com fornecimento de dados atuais quanto ao tema.

Assim, a metodologia adotada para realização desse projeto de pesquisa foi a pesquisa bibliográfica mediante estudo das principais teorias acerca da filosofia, filosofia oriental e do próprio confucionismo, de modo que consiste em uma revisão bibliográfica que compreende materiais teóricos publicados sobre a temática desde 2000 até os dias atuais.

Dessa forma, a pesquisa dos materiais para compor a revisão de literatura será realizada por meio de buscas em livros, revistas, periódicos, e nas plataformas de pesquisa acadêmica como: Google acadêmico e SCIELO. Todos os trabalhos pesquisados estão escritos na língua portuguesa e disponíveis para leitura. A coleta de dados será realizada nos meses de Fevereiro a Abril de 2020 e, os critérios de exclusão para seleção dos materiais será descrição coerente sobre a temática aqui proposta.
















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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 FILOSOFIA:

ASPECTOS GERAIS





De acordo com Chauí (2005, p.22) a expressão “Filosofia” é formada por dois termos gregos: philos

  • amizade; amor esophia = sabedoria, diante disto entende-se que a Filosofia significa de uma forma simples de ser compreendida como “amor pelo saber, amizade à sabedoria, busca do saber”.

No processo de aprendizado ao longo da vida, passamos por experiências conflituosas, e estas são necessárias e aprendemos com elas, é por meio deste processo que nos enxergamos e nos tornamos engenheiros, professores, artistas, sendo assim, entende-se que as sociedades passaram a organizar meios educacionais com o intuito de alcançar um processo de aprendizagem mais eficiente, diante disto, Medeiros (2013, p. 1) acredita que,

Por isso desde a mais alta antiguidade, filósofos e pensadores se ocuparam e se pré-ocuparam com o problema da aprendizagem, sua origem, sua possibilidade, seu mecanismo. A educação sempre foi, ao longo da história, e ainda hoje o continua a ser, objeto de preocupação do homem. Além do mais, se partirmos do princípio de que o homem é um ser de aprendizagem, fica fácil de se entender porque a educação tem sido objeto de pré -ocupação do homem em todos os tempos. O homem é um animal que possui instintos, mas cuja maior parte de suas ações são determinadas pela sua capacidade de aprendizagem, adquirindo novos conhecimentos, seja através da sua experiência individual, seja por meio do contato com outros indivíduos. O exercício dessa capacidade do homem para adquirir novos conhecimentos deu origem ao processo que denominamos educação.

Ainda segundo Medeiros (2013), a filosofia, desde a sua origem tem buscado solução para os mais diferentes problemas existentes na sociedade, desde uma cosmologia (criada por filósofos pré-socráticos) até uma antropologia, política e ética (fundamentada por Sócrates, Platão e Aristóteles), sendo inevitável que estes filósofos, preocupados com toda a dinâmica do real, ainda pudessem voltar o seu olhar para a educação, deste modo, cabe ao filósofo refletir de forma crítica acerca da ação pedagógica, que passa “de uma educação assistemática (guiada pelo senso comum) para uma educação sistemática (alçada ao nível da consciência filosófica)” (SAVIANI apud ARANHA, 1996, p. 108).

Os filósofos de modo natural sempre se depararam com questões como: “Como o homem pode obter conhecimentos?”, “O que é o conhecimento?”, “Qual a melhor forma (método) de transmitir o conhecimento?”, “É possível ensinar a virtude?”, entre outros questionamentos que originaram os pensamentos filosóficos.

De acordo com Aranha (1996, p. 108) “além das análises antropológicas, axiológicas e epistemológicas acima referidas, a filosofia tem a função de interdisciplinaridade, pela qual estabelece a ligação entre as diversas ciências e técnicas”.
Assim, compreende-se que a relação entre a filosofia e a educação considera a ideia do homem como um “animal político” e cuja existência somente é pensada nas relações sociais, tratando de Educação e


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Política, observamos os Filósofos como Platão, Rousseau, John Dewey e Paulo Freire que vislumbram a relação fundamental que existe entre o homem, a política e a educação: ou seja, entendem que o homem trata-se de um ser de aprendizagem e este, porém, ao mesmo tempo precisa ser educado visando a vida em sociedade, além de exercer o seu papel de cidadão (MEDEIROS, 2013).

Assim, ressaltamos que, seja na Antiguidade, na Modernidade ou na Contemporaneidade, a existência de filósofos preocupados que se preocupavam não somente com a questão pedagógica, porém viam na filosofia uma forma de preparar os indivíduos para a vida em sociedade. Assim, a figura 1 a seguir, demonstra tudo o que está envolto pela filosofia:

Figura 1 – Aspectos envoltos na filosofia





























Fonte: MEDEIROS, 2013.


Seja por Platão e Aristóteles na Antiguidade, ou ainda por parte de Kant e Rousseau na modernidade, até a era contemporânea com filósofos como John Dewey e Paulo Freire, a questão pedagógica sempre foi uma preocupação e esteve sempre presente no pensamento de diversos autores, o que há em comum entre eles é a ideia da necessidade de como deverá ser educado o homem para a vida em sociedade e, para o exercício da cidadania e, por fim, como postulava Platão com a sua teoria dos filósofos-reis, é necessário educar os nossos governantes visando o cumprimento da sua função essencial de governar uma sociedade.

Com base nisto, a seguir abordaremos de forma sucinta como alguns destes filósofos relacionavam a questão pedagógica com a questão política:

  • Para Platão, a filosofia tem uma dimensão igualmente pedagógica e política. Toda a política exige uma filosofia prévia que determine e defina o que é o Bem, o que é o justo, o que é o homem, o que é a educação. Por isso toda a filosofia é política e toda a política é filosófica. E se




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o problema político é o da reta direção do homem, o problema político (logo, filosófico) por excelência, é o problema da educação. Não há, pois, como separar filosofia, política e educação. O pensamento filosófico e político de Platão está diretamente relacionado com sua visão pedagógica, a qual é apresentada principalmente em suas obras A República e As leis.

  • Discípulo de Platão, Aristóteles defendia que a função principal da educação era conduzir o homem à felicidade. A sua filosofia da educação é apresentada na obra Política. Segundo Aristóteles, o ser humano ao nascer é como um rio sem leito, que não sabe para onde vai e que a educação, ao longo do seu amadurecimento, deve guiar. Aristóteles aceita a educação tradicional grega, considerando, no entanto, que esta deve ensinar conceitos úteis e necessários à vida prática. Por outro lado, Aristóteles defende que a virtude moral e o bom caráter também devem ser ensinados, considerando que tais atributos não eram inatos no ser humano.

  • Aristóteles lembra ainda que a Política deve preparar as leis que permita a educação para a virtude, caminho para a felicidade dos cidadãos. Segundo Aristóteles, todas as coisas possuem uma causa final, uma finalidade. Toda ação é sempre intencional e, ao agir, sempre propomos ou visamos algum fim. Essa finalidade é ser feliz. Além disso, o bom cidadão é aquele que observa as leis da cidade e a educação deve visar este cidadão, pois o indivíduo que vive de acordo com a observância das leis da cidade é também virtuoso (MEDEIROS, 2013, p. 1).

Compreendendo tais informações, nas seções seguintes aborda-se a filosofia oriental e sua aplicabilidade contemporânea, bem como o confucionismo na modernidade.


2.2 A FILOSOFIA ORIENTAL E SUA APLICABILIDADE CONTEMPORÂNEA

A filosofia como é concebida e adotada na atualidade e expressa por discursos e falas que nos orientam quanto a nossas práticas cotidianas e comportamentos, se iniciou na antiguidade, a filosofia é considerada como um modo de conduzir as ações e decisões em nossa vida, de superar dificuldades e encontrar a felicidade, viver com base em uma filosofia mostra-se um verdadeiro exercício, a adoção de uma filosofia denota uma forma de autotransformação. Se a filosofia ocidental foi originada do amor ao conhecimento e curiosidade, a filosofia oriental visava finalidades práticas.

De acordo com Lima (2016), diversos aprendizados foram obtidos por meio da filosofia oriental e são aplicados na vida contemporânea no ocidente, por exemplo, os conceitos de disciplina, eficiência e técnica, muito aplicados na administração, são conceitos advindos do oriente, cuja filosofia sempre foi admirada e adotada no “mundo dos negócios”, devido a resultados, cultura e processos diferenciados.

O autor cita cinco como os principais aprendizados da filosofia oriental e que são adotados e utilizados na era contemporânea pela cultura ocidental:

  • Aprendizado por meio da prática: o termo lean popularizado pela Toyota é um exemplo de que na filosofia oriental não há separação entre teoria e prática, além disso, adota o processo denominado como Genchi Gembutsu, que remete a tomada de decisões que são embasadas no conhecimento direto e experiência própria e individual.

  • A formação como base inicial: a responsabilidade e independência são valores impostos por meio de treinamento, um exemplo disso, é que as crianças a partir do jardim de infância seguem sozinhas para a


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escola em pequenos grupos, sendo apenas supervisionadas por um adulto que somente intervirá caso haja eminencia de perigo. Além disso a liderança requer conhecimento prático, de modo que lidere-se pelo exemplo e não pela força.

  • Relevância de tempo e energia: Nesta filosofia, eficiência corresponde a executar uma atividade com tempo e energia na medida certa conforme citado em “A arte da guerra”:

Velocidade é a essência da guerra. Tire proveito do despreparo do seu inimigo, transforme seu caminho em rotas desesperadas e ataque nos sinais de descuido.”

O combatente inteligente olha para o efeito combinado de energia e não necessita de tantos indivíduos

assim.”


Assim compreende-se que não basta o emprego máximo da força no momento equivocado, a energia certa no momento certo corresponde a eficiência e excelência, seu modo de perceber o tempo também é diferenciado, sendo valorizado o agora, uma vez que o futuro é incerto.
    • O autoconhecimento é valorizado: Os orientais enfatizam sempre a relevância de conhecer os próprios “pontos fortes e pontos fracos”, ou seja, é preciso conhecer e admitir sua fraqueza de modo a transformá-la em aprendizado, e de igual modo, estar aberto a novas aprendizados. E assim, sempre aprimorar suas habilidades e pontos fortes. A valorização do autoconhecimento considera a possibilidade de se reinventar com a própria essência.
    • Consistência: Abrange o modo de viver com disciplina, algo extremamente importante para os orientais, sendo vista por eles como uma capacidade de suportar frustrações imediatas visando um propósito maior, as empresas que aderem a essa filosofia não valorizam o sucesso de conquistas instantâneas, mas valorizam construções com base em cada pequena conquista, ou seja, manter uma evolução regular e consistente independente da jornada.

Além de influenciar a ética, a política, e a filosofia ocidental em si, a aplicabilidade da filosofia oriental

  • muito comum na gestão de empresas e liderança, sendo um dos livros mais populares o já citado “A arte da Guerra”, escrito durante o século IV A.C., de Sun Tzu, general chinês, autor que escreveu sobre táticas milenares de combate, que podem ser aplicadas na atuação pessoal e profissional visando o sucesso, sendo possivelmente, uma das inspirações para os conceitos de logística.

O livro é considerado um clássico da literatura mundial, sendo o primeiro tratado militar registrado. O foco é explanar acerca das táticas de combate e aniquilação dos inimigos, estando no topo dentre os mais populares livros, lido por públicos variados, sendo seus ensinamentos aplicados em relações de trabalho e pessoais.
Traduzido para inúmeros idiomas, este foi usado por militares como Napoleão, Adolf Hitler e Mao Tsé Tung, cita a importância do planejamento e análise, da criação de táticas, estratégias de ataque e defesa, a importância de se conhecer os pontos fortes e fracos de si e de seus “inimigos”/concorrentes, a importância das



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manobras e variações táticas, de conhecer o terreno, possíveis situações, espionagem e planejamento dos objetivos.

Um dos focos de Tzu é o reconhecimento do próprio eu como o maior inimigo, a necessidade de saber lidar com frieza em determinadas situações, deixando de lado a ansiedade, raiva, rancor que somente afetam a tomada de decisões acertadas.

Além disso, Tzu ainda aborda a importância do trabalho em equipe, da valorização de bons “soldados”, e de se observar e conhecer o adversário, somente conhecendo as vulnerabilidade de si próprio e do seu inimigo é possível vencer um combate, os inúmeros saberes e técnicas fizeram com que o livro se tornasse popular para diversos públicos, que passaram a aplicar esses ensinamentos e estratégias para enfrentar problemas cotidianos, e nas relações empresariais, afetivas, em disputas profissionais como no marketing e em negociações, e em ambientes de disputa.

A filosofia oriental é originada na índia, Japão e na China, grandes impérios asiáticos dotados de cultura literária e religiosa, possuidores de um amplo arquivo de documentos de suas atividades intelectuais milenares. Entre as filosofias orientais e seus princípios, estão o Brahmanismo (voltado para o domínio da mente) e o Budismo (MORA, 2004).

O Budismo é uma religião e filosofia difundida em todo o mundo, fundamentada pelos ensinamentos de Siddharta Gautama (Buda), originada a cerca de 2.500 anos, esta visa o condicionamento da mente para o alcance da paz, sabedoria, serenidade, felicidade e liberdade, e aprimorar a espiritualidade do homem, e criou o conceito de que a espiritualidade saudável representa a saúde do corpo físico, o principal conceito da doutrina Budista é de que as respostas do homem se encontram em seu próprio interior (PERCÍLIA, 2013).

Cabral (2012) conceitua o hinduísmo como uma filosofia de ordem religiosa, abrangendo tradições culturais, bem como valores e crenças compostos por culturas de diferentes povos, sendo adaptadas até o que se conhece na atualidade e divide-se em três fases:

Na primeira fase, chamada de Hinduísmo Védico, cultuava-se deuses tribais como Dyaus (deus do céu, deus supremo) que gerou outros deuses.

Na segunda fase, a partir de adaptações de outras religiões, surgiu o Hinduísmo Bramânico que cultuava a trindade composta por Brahma (divindade da alma universal), Vishnu (divindade preservadora) e Shiva (divindade destruidora).

Na terceira fase percebem-se diferentes adaptações influenciadas por religiões a partir do cristianismo, islamismo e outras. O Hinduísmo Híbrido surgiu então como a agregação de diversas influências (CABRAL, 2012, p. 1).

O hinduísmo tem como principais preceitos a lei do carma, que acredita que a trajetória da alma é traçada conforme as ações praticadas na terra, a alma é libertada no final ao atingir a libertação (moksha), onde se determina o fim do ciclo da morte e do renascimento, os rituais abrangem a meditação (Darshan) e a oferenda aos deuses (Puja), requer uma alimentação vegetariana, entoação de mantras (preces cantadas), tem como Deuses: Shiva - o princípio masculino - Parvati (mãe), Durga (deusa da beleza), Kali (senhora da



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destruição) e Lakshmi (senhora da arte e da criatividade).suas esposas representantes do princípio feminino (CABRAL, 2012).

Coltri (2013), ainda apresenta o taoísmo, religião de filosofia chinesa, baseada no sistema politeísta e filosófico, com crenças semelhantes aos antigos elementos místicos e enigmáticos da religião popular chinesa, nesta, cultua-se os ancestrais, há ainda rituais de exorcismo, alquimia e magia. Esta porém, se originou no século II e abrangeu elementos religiosos mais antigos da China, enfatizando a observação das leis da
natureza, que possui uma identidade advinda de uma única fonte, o Tao, que significa “caminho, trilha, estrada”.

Ainda de acordo com o autor, há o Xintoísmo, filosofia criada antes do budismo, se popularizando no Japão no século VI, abrange um conjunto de ritos e mitos que explicam a origem do mundo, do Japão e da família imperial japonesa. A origem do termo advém de xinto, que quer dizer “caminhos dos deuses”, o xintoísmo é considerada uma religião nacional do Japão, que abrange crenças e práticas religiosas animistas, este não possui um fundador específico, livro sagrado, dogmas ou código moral.

Coltri (2013) ainda define o Confucionismo como a ideologia religiosa e sociopolítica de Koung Fou Tseu, o Confúcio como é conhecido na língua latina, este tem como princípios o junchaio, considerados os ensinamentos dos sábios, definindo o Tao (caminho superior), como uma forma de se manter em uma vida equilibrada, onde se satisfazem as vontades do céu e da terra.

Confúcio era um modelo de comportamento e uma fonte de respostas para os anseios do povo, sua filosofia se fundia com outros cultos religiosos da antiguidade chinesa, originando um sincretismo de religiões.

Sua doutrina fundamenta-se na busca pelo Tao, a harmonia da vida e do mundo. Para atingir o Tao, o Confucionismo coloca a família como base de uma sociedade em que todos os seres humanos vivem em harmonia. Esta família começa nos governantes, que devem amar o povo como verdadeiros pais, e termina nos súditos, que tem o dever de ser obedientes e humildes como filhos. Outra das características presentes no Confucionismo é o culto aos antepassados. Para Confúcio, os seres humanos são formados por quatro dimensões:

  • O Eu

  • A Comunidade
  • A Natureza

  • O Céu
Além disso, prega que os seres humanos tem que possuir cinco virtudes essenciais que são: Amar o próximo, ser justo, ter comportamento adequado. ter consciência da vontade dos céus e cultivar a sabedoria e a sinceridade (COLTRI, 2013, p. 1)

Assim, considera-se que dentre os diversos ritos tradicionais do confucionismo estão: a reverência e culto aos antepassados, oferendas aos mortos, valorização do casamento como uma forma de continuação da tradição (COLTRI, 2013).

2.3 O CONFUCIONISMO NA MODERNIDADE






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Acredita-se que Confúcio seja o maior filósofo da história chinesa, e um dos mais estudados na história da humanidade, com ensinamentos transmitidos por gerações, orientando e influenciando aspectos diversos da vida social por milhares de anos, Confúcio nasceu por volta de 550 a.C., e era detentor de aspirações políticas, em um momento de divisão, o país estava dividido, tanto geográfica quanto filosoficamente em meio a múltipla competição pelo controle político e social, período em que foram originados os pensamentos filosóficos e culturais de Lao-Tzu e Chuang-Tzu (ZHOU, 2008).

De acordo com Silva (1999, p. 1), as doutrinas confucionistas podem ser resumidas em seis palavras-chaves:


  1. Jen - humanitarismo, cortesia, bondade, benevolência. É a norma da reciprocidade, ou seja, "não faça aos outros o que você não gostaria que lhe fizessem." Esta é a virtude mais elevada do Confucionismo. Segundo ensinam, se o homem colocá-la em prática, ele poderá viver em paz e em harmonia com as outras pessoas (Anacletos 15:24). Porém, desde o princípio da humanidade, o gênero humano nunca foi por si próprio, ou pelo seu esforço, capaz de estabelecer esta paz ou harmonia. O exemplo vemos na história antiga e contemporânea: Egito, Babilônia, Grécia, Roma, I & II Guerras Mundiais, Bósnia, Ruanda, Iraque, e a lista não teria fim.

  1. Chun-tzu - homem superior, virilidade. Segundo Confúcio, o homem para ser perfeito deve ter humildade, magnanimidade, sinceridade, diligência e amabilidade. Somente assim, ele poderá transformar a sociedade em um estado de paz. Porém, a realidade do ser humano é outra. O homem natural é egoista, soberbo e mal contra seu próximo. Isso podemos contemplar com os nossos olhos dia-a-dia, sem mencionar as injustiças e atrocidades contra os direitos humanos no Holocausto e na Praça Tiananmem em Beijing.

  1. Cheng-ming - Retificação dos nomes. Este conceito ensina que para uma sociedade estar em ordem, cada cidadão deveria ter um título designativo ou um papel, e afirmar-se neste papel no esquema da vida. O rei, atuando como rei, o pai como pai, o filho como filho, o servo como servo. (Anacletos, 12:11; 13:3)

  1. Te - poder, autoridade. Confúcio ensinava que a virtude do poder, e não a força física, era necessária para dirigir qualquer sociedade. Todo governante, segundo ele, deveria ter esta autoridade para inspirar seus súditos à obediência. Este conceito perdeu-se durante o tempo de Confúcio, dado à predominância das guerras e sobrepujança das dinastias entre si.

  1. Li - padrão de conduta exemplar, propriedade, reverência. Este conceito é tratado no Livro das Cerimônias (Li Ching), um dos Cinco Clássicos. Segundo Confúcio, cada governante deveria ser benevolente, proporcionar um bom padrão de vida para o povo e promover a educação moral e os ritos. Sem esta conduta, o homem não saberia oferecer a adoração correta aos espíritos do universo, não saberia estabelecer a diferença entre o rei e o súdito, não saberia a relação moral entre os sexos, e não saberia distinguir os diferentes graus de relacionamento na família (Li Ching, 27). Como exemplo perfeito de benevolência, ele exaltava o legendário Imperador Yao e seu sucessor, o Imperador Shun, os quais foram renomeados e constituiram, como diziam, "uma idade de ouro da antiguidade".

  1. Wen - artes nobres, que inclui: música, poesia e a arte em geral. Confúcio tinha uma grande estima pela arte vinda do período da Dinastia Chou, e considerava a música como a chave da harmonia universal. Ele cria que toda expressão artística era símbolo da virtude e que deveria ser manifesta na sociedade. Para Confúcio, a música era um reflexo do homem superior e espelhava seu caráter verdadeiro.


Quanto ao pensamento confuciano, este com seus elementos básicos tornou-se um guia para os valores morais e para a conduta social adequada, visando a justiça, o caráter moral elevado, e direcionando



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aos governantes tal responsabilidade, o que seria o exemplo e ainda deveria capacitar o povo a segui-lo, defendendo a ideia de reciprocidade e governo responsável, de “não fazer aos outros aquilo que nos desagrada”, no entanto embora rotulado como uma religião, este se tornou um sistema de pensamentos e ritos sociais preocupado com as necessidades da sociedade chinesa e seus relacionamentos sociais, diferente do budismo e do taoísmo, o confucionismo se desvencilha dos temas relacionados ao papel da natureza ou vida após morte, no entanto, preconiza uma civilização harmônica com base em um governo baseado em um sistema de métodos padronizado e universalmente compreendido, sendo o defensor das seguintes qualidades: benevolência, retidão, decoro, sabedoria e honestidade (ZHOU, 2008).

De acordo com Fumoto (2016), a aplicabilidade e disseminação dos conteúdos do Confucionismo foram limitados devido a perseguição ao longo do regime de Mao Tse Tung, especialmente durante a Revolução Cultural, pelo fato de serem considerados uma limitação.

Devido ao autoritarismo, a China, é extremamente conservadora, assim, muitos sacerdotes confucionistas chegaram a ser presos pelo governo comunista, no entanto a disseminação dessa cultura na atualidade foi liberada pelo governo,e assim, o autor cita que as ideias de Confúcio estão novamente reavivadas na sociedade chinesa.

Quanto ao ocidente, observa-se que a influência confucionista não foi limitada, pois, ao longo dos séculos, os seus ideais foram sempre divulgados e reforçados, principalmente quanto ao dever de respeitar os pais e antepassados, valoriza-se a educação (FUMOTO, 2018)

Carvalho (2016) reforça que a doutrina de Confúcio ressoa no chinês ainda nos dias contemporâneos, qualquer cidadão Chinês conhece as lições confucionistas e acredita que essas ainda exercem alguma influência sobre a sociedade chinesa. Tem-se como a primeira lição confucionista que lhes vem à mente é a do dever de obediência aos pais. Ainda de acordo com o autor, acredita-se na adoção contínua do Confucionismo como uma inspiração para que se possa ser uma versão melhor de si mesmos, considerando a riqueza material e espiritual como frágil, pois não resistem aos tempos de grandes provações. Confúcio deixou ensinamentos que são matéria-prima para realizações no futuro (CARVALHO, 2016).























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CONSIDERAÇÕES

FINAIS




Buscando compreender as principais influências e aplicabilidades da filosofia oriental com ênfase no confucionismo para a sociedade contemporânea, realizou-se a presente pesquisa bibliográfica a qual leva a conclusão de que, o Confucionismo já passou tempos esquecido, no entanto, na atualidade, vem despertando um interesse cada vez maior tanto na China quanto em outros países emergentes, sendo seus conceitos analisados e debatidos no meio acadêmico filosófico, social e empresarial, servindo como orientação para líderes e profissionais autônomos.



















































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Pós-graduação em Filosofia e Autoconhecimento: Uso Pessoal e Profissional


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



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Pós-graduação em Filosofia e Autoconhecimento: Uso Pessoal e Profissional


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FILOSOFIA ORIENTAL E SUA APLICABILIDADE COMTEMPORÂNEA

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA E AUTOCONHECIMENTO: USO PESSOAL E ...