PONTIFÍCIA
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
PÓS-GRADUAÇÃO
EM
FILOSOFIA E AUTOCONHECIMENTO:
USO
PESSOAL E PROFISSIONAL
FILOSOFIA
ORIENTAL E SUA
APLICABILIDADE
COMTEMPORÂNEA
ALUNO:
Hernando Feitosa
Bezerra
chagal@uol.com.br
ORIENTADOR:
Alexandre
Anselmo
Guilherme
Pós-graduação
em Filosofia e Autoconhecimento: Uso Pessoal e Profissional
SUMÁRIO
0. |
Resumo
e Abstract
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02
|
||||||||
1. |
Introdução
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03
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2. |
05
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Desenvolvimento
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2.1 |
Filosofia:
aspectos
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|||||||||
gerais
|
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2.2 |
A
Filosofia Oriental e sua Aplicabilidade Contemporânea
|
|||||||||
2.3 O Confucionismo na Modernidade | ||||||||||
3. |
Considerações
Finais
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13
|
||||||||
4. | ||||||||||
Referências
Bibliográficas
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14
|
|||||||||
CONFUCIONISMO
E A FILOSOFIA ORIENTAL: APLICABILIDADE CONTEMPORÂNEA
RESUMO:
O
presente estudo atende a necessidade de melhor compreender a
filosofia oriental e o
Confucionismo
e suas influências na atualidade. Assim, esse presente artigo teve
como objetivo compreender as principais influências e
aplicabilidades da filosofia oriental com ênfase no confucionismo na
sociedade contemporânea. E para o alcance deste deve realizar um
apanhado geral acerca dos principais estudos documentados já
realizados, de relevância e com fornecimento de dados atuais quanto
ao tema, através de buscas em livros, revistas, periódicos, e nas
plataformas de pesquisa acadêmica como: Google acadêmico e SCIELO.
Buscando, dessa forma, compreender as principais influências e
aplicabilidades da filosofia oriental com ênfase no confucionismo na
sociedade contemporânea, realizou-se a presente pesquisa
bibliográfica a qual leva a conclusão de que, o Confucionismo já
passou tempos esquecido, no entanto, na atualidade, vem despertando
um interesse cada vez maior, tanto na China quanto em outros países
emergentes, sendo seus conceitos analisados e debatidos no meio
acadêmico filosófico, social e empresarial, servindo como
orientação para líderes e profissionais.
PALAVRAS-CHAVE: Filosofia Chinesa. Confúcio. Pensamento. Oriental.
Contemporâneo.
Confucianism
and Eastern Philosophy: contemporary applicability
ABSTRACT:
This
study addresses the need to better understand Eastern philosophy and
Confucianism
and its applicability today. Thus, this article aimed to understand
the main influences and applicability of Eastern philosophy with an
emphasis on Confucianism in contemporary society. And in order to
reach this goal, you should carry out an overview of the main
documented studies already carried out, of relevance and providing
current data on the topic, through searches in books, magazines,
periodicals, and on academic research platforms such as: Google
academic and SCIELO. In this way, seeking to understand the main
influences and applicability of Eastern philosophy with an emphasis
on Confucianism in contemporary society, this bibliographic research
was carried out, which leads to the conclusion that Confucianism has
long been forgotten, however, nowadays, it has aroused increasing
interest, both in China and in other emerging countries, with its
concepts being analyzed and debated in the academic, philosophical,
social and business world, serving as guidance for leaders and
professionals.
KEYWORDS:
Chinese philosophy. Confucius. Thought. Eastern. Contemporary.
Pós-graduação
em Filosofia e Autoconhecimento: Uso Pessoal e Profissional
INTRODUÇÃO
Compreende-se
a filosofia como a atividade que busca a compreensão, identificação
e comunicação da realidade por meio de conceitos lógico-racionais,
originada a partir do abandono da crença mitológica, a denominada
desmitificação, em busca de conhecimentos mais “seguros”, ou
seja, a partir de questionamentos das crenças impostas culturalmente
e da busca por respostas (MENEZES, 2016).
A
consciência mística das histórias mitológicas gregas eram crenças
politeístas composta por deuses e outros seres rodeados de histórias
sobre poderes e influencias que justificavam os acontecimentos e
fenômenos que davam sentido ao universo, a partir da percepção que
tratava-se de um pensamento fantasioso, cultural e popular, a
mentalidade se transformou aos poucos, os conhecimentos e crenças
passaram a ser relativizados e passou-se a buscar novas explicações,
originando as argumentações e a capacidade de convencimento por
meio da razão (MENEZES, 2016).
Com
o desenvolvimento do comércio por meio das navegações a cultura
passou a ser diversificada, quando povos de diferentes localidades
entraram em contato, enfatizando o processo de relativização, além
disso, a escrita alfabética, a política e a razão contribuíram
para o advento da filosofia, e do período antropológico,
inicialmente por Sócrates, denominado pai da filosofia, que
desenvolveu a atitude filosófica e sucedido por Platão, seu
discípulo, estes construíram as bases da busca por novos
conhecimentos e tem influenciado a cultura ocidental até a era
contemporânea, posterior a Platão, destacou-se seu discípulo
Aristóteles que popularizou a filosofia grega (MENEZES, 2016).
Quanto
a filosofia oriental, foi desenvolvida nos países asiáticos e do
Oriente Médio, esta originou o Budismo, Taoismo, entre outros,
estando entre os de maior destaque o Confucionismo, sistema
filosófico que abrange aspectos como a moral, política, pedagogia e
a religião, é considerado o “ensinamento dos sábios”, embora
pouco valorizado pelos ocidentais. Confúcio (551-479 a. E. C.) é
para os chineses no decorrer dos séculos, um exemplo de caráter
intelectual, santidade, sabedoria e retidão moral a ser seguida por
toda humanidade (VASCONCELOS, 2017).
No
entanto, a partir da década de 1950 a popularidade da tradição
intelectual de Confúcio foi reduzida frente a ascensão do
marxismo-leninismo, além disso, para os ocidentais o filósofo e
seus pensamentos eram de difícil entendimento frente a seus
critérios conceituais, no entanto, com a advento da era
contemporânea, observa-se uma busca maior pelo autoconhecimento e
pela apreciação da sabedoria e pensamentos orientais, voltando
novamente o olhar do povo ocidental as filosofias oriental e ao
confucionismo (VASCONCELOS, 2017).
Diante
disto este estudo tem como temática: o confucionismo e a Filosofia
Oriental (objeto de estudo), e se delimitará a compreender sua
aplicabilidade contemporânea. Quanto a problemática da pesquisa,
define-se: “Quais as principais influências e aplicabilidades da
filosofia oriental com ênfase no confucionismo a sociedade
contemporânea?”.
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em Filosofia e Autoconhecimento: Uso Pessoal e Profissional
Entende-se
que o confucionismo foi responsável por compilar e organizar antigas
tradições da sabedoria chinesa, originando assim uma doutrina
oficial na China, o que perdurou por mais de 25 séculos, no entanto,
na Revolução Cultural chinesa (1966-1976) foi combatido como
reacionário, momento em que tomou um novo impulso, devido as
mudanças políticas no país, na atualidade, 24% da população
chinesa declara-se ainda adepta do confucionismo. A partir do chamado
‘novo confucionismo’, após o inicio da Revolução Cultural
Chinesa, houve maior compreensão acerca deste, pois, há caráter
dialético com a filosofia ocidental e ainda relaciona-se aos
processos de desenvolvimento-globalização, surgindo este novo
movimento filosófico a partir dos embates reformistas no fim da
dinastia Qing (1644-1911), em inglês o termo ‘confuncian revival’,
nomeia o movimento de reavivamento de valores confucianos na China,
abrangendo ativismo, expressões religiosas, práticas pedagógicas
alternativas e até mesmo a atuação política do Estado (CHENG,
2008).
O
interesse pelo tema surgiu a partir das associações apontadas dos
movimentos ecológicos a filosofia de Confúcio, e ainda no intuito
de compreender como o reavivamento de Confúcio e suas ideias poderá
alterar e influenciar a sociedade e a educação Tradicional e
moderna, não seriam necessariamente essências opostas que inibem a
existência da outra, o mesmo se aplicando aos conceitos de ocidental
e oriental. É ainda importante compreender a relação entre o
moderno e o tradicional frente as concepções defendidas pelos
ativistas confucianos.
Assim,
este estudo tem como objetivo compreender as principais influências
e aplicabilidades da filosofia oriental com ênfase no confucionismo
na sociedade contemporânea.
Para
atender ao objetivo proposto, optou-se pela pesquisa bibliográfica,
que é conceituada por Marconi e Lakatos (2003) como a realização
de um apanhado geral acerca dos principais estudos documentados já
realizados, de relevância e com fornecimento de dados atuais quanto
ao tema.
Assim,
a metodologia adotada para realização desse projeto de pesquisa foi
a pesquisa bibliográfica mediante estudo das principais teorias
acerca da filosofia, filosofia oriental e do próprio confucionismo,
de modo que consiste em uma revisão bibliográfica que compreende
materiais teóricos publicados sobre a temática desde 2000 até os
dias atuais.
Dessa
forma, a pesquisa dos materiais para compor a revisão de literatura
será realizada por meio de buscas em livros, revistas, periódicos,
e nas plataformas de pesquisa acadêmica como: Google acadêmico e
SCIELO. Todos os trabalhos pesquisados estão escritos na língua
portuguesa e disponíveis para leitura. A coleta de dados será
realizada nos meses de Fevereiro a Abril de 2020 e, os critérios de
exclusão para seleção dos materiais será descrição coerente
sobre a temática aqui proposta.
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em Filosofia e Autoconhecimento: Uso Pessoal e Profissional
2
DESENVOLVIMENTO
2.1
FILOSOFIA:
ASPECTOS
GERAIS
De
acordo com Chauí (2005, p.22) a expressão “Filosofia” é
formada por dois termos gregos: philos
- amizade; amor esophia = sabedoria, diante disto entende-se que a Filosofia significa de uma forma simples de ser compreendida como “amor pelo saber, amizade à sabedoria, busca do saber”.
No
processo de aprendizado ao longo da vida, passamos por experiências
conflituosas, e estas são necessárias e aprendemos com elas, é por
meio deste processo que nos enxergamos e nos tornamos engenheiros,
professores, artistas, sendo assim, entende-se que as sociedades
passaram a organizar meios educacionais com o intuito de alcançar um
processo de aprendizagem mais eficiente, diante disto, Medeiros
(2013, p. 1) acredita que,
Por
isso desde a mais alta antiguidade, filósofos e pensadores se
ocuparam e se pré-ocuparam com o problema da aprendizagem, sua
origem, sua possibilidade, seu mecanismo. A educação sempre foi, ao
longo da história, e ainda hoje o continua a ser, objeto de
preocupação do homem. Além do mais, se partirmos do princípio de
que o homem é um ser de aprendizagem, fica fácil de se entender
porque a educação tem sido objeto de pré -ocupação do homem em
todos os tempos. O homem é um animal que possui instintos, mas cuja
maior parte de suas ações são determinadas pela sua capacidade de
aprendizagem, adquirindo novos conhecimentos, seja através da sua
experiência individual, seja por meio do contato com outros
indivíduos. O exercício dessa capacidade do homem para adquirir
novos conhecimentos deu origem ao processo que denominamos educação.
Ainda
segundo Medeiros (2013), a filosofia, desde a sua origem tem buscado
solução para os mais diferentes problemas existentes na sociedade,
desde uma cosmologia (criada por filósofos pré-socráticos) até
uma antropologia, política e ética (fundamentada por Sócrates,
Platão e Aristóteles), sendo inevitável que estes filósofos,
preocupados com toda a dinâmica do real, ainda pudessem voltar o seu
olhar para a educação, deste modo, cabe ao filósofo refletir de
forma crítica acerca da ação pedagógica, que passa “de uma
educação assistemática (guiada pelo senso comum) para uma educação
sistemática (alçada ao nível da consciência filosófica)”
(SAVIANI apud ARANHA, 1996, p. 108).
Os
filósofos de modo natural sempre se depararam com questões como:
“Como o homem pode obter conhecimentos?”, “O que é o
conhecimento?”, “Qual a melhor forma (método) de transmitir o
conhecimento?”, “É possível ensinar a virtude?”, entre outros
questionamentos que originaram os pensamentos filosóficos.
De
acordo com Aranha (1996, p. 108) “além das análises
antropológicas, axiológicas e epistemológicas acima referidas, a
filosofia tem a função de interdisciplinaridade, pela qual
estabelece a ligação entre as diversas ciências e técnicas”.
Assim,
compreende-se que a relação entre a filosofia e a educação
considera a ideia do homem como um “animal político” e cuja
existência somente é pensada nas relações sociais, tratando de
Educação e
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em Filosofia e Autoconhecimento: Uso Pessoal e Profissional
Política,
observamos os Filósofos como Platão, Rousseau, John Dewey e Paulo
Freire que vislumbram a relação fundamental que existe entre o
homem, a política e a educação: ou seja, entendem que o homem
trata-se de um ser de aprendizagem e este, porém, ao mesmo tempo
precisa ser educado visando a vida em sociedade, além de exercer o
seu papel de cidadão (MEDEIROS, 2013).
Assim,
ressaltamos que, seja na Antiguidade, na Modernidade ou na
Contemporaneidade, a existência de filósofos preocupados que se
preocupavam não somente com a questão pedagógica, porém viam na
filosofia uma forma de preparar os indivíduos para a vida em
sociedade. Assim, a figura 1 a seguir, demonstra tudo o que está
envolto pela filosofia:
Figura
1 – Aspectos
envoltos na filosofia
Fonte:
MEDEIROS, 2013.
Seja
por Platão e Aristóteles na Antiguidade, ou ainda por parte de Kant
e Rousseau na modernidade, até a era contemporânea com filósofos
como John Dewey e Paulo Freire, a questão pedagógica sempre foi uma
preocupação e esteve sempre presente no pensamento de diversos
autores, o que há em comum entre eles é a ideia da necessidade de
como deverá ser educado o homem para a vida em sociedade e, para o
exercício da cidadania e, por fim, como postulava Platão com a sua
teoria dos filósofos-reis, é necessário educar os nossos
governantes visando o cumprimento da sua função essencial de
governar uma sociedade.
Com
base nisto, a seguir abordaremos de forma sucinta como alguns destes
filósofos relacionavam a questão pedagógica com a questão
política:
- Para Platão, a filosofia tem uma dimensão igualmente pedagógica e política. Toda a política exige uma filosofia prévia que determine e defina o que é o Bem, o que é o justo, o que é o homem, o que é a educação. Por isso toda a filosofia é política e toda a política é filosófica. E se
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em Filosofia e Autoconhecimento: Uso Pessoal e Profissional
o
problema político é o da reta direção do homem, o problema
político (logo, filosófico) por excelência, é o problema da
educação. Não há, pois, como separar filosofia, política e
educação. O pensamento filosófico e político de Platão está
diretamente relacionado com sua visão pedagógica, a qual é
apresentada principalmente em suas obras A República e As leis.
- Discípulo de Platão, Aristóteles defendia que a função principal da educação era conduzir o homem à felicidade. A sua filosofia da educação é apresentada na obra Política. Segundo Aristóteles, o ser humano ao nascer é como um rio sem leito, que não sabe para onde vai e que a educação, ao longo do seu amadurecimento, deve guiar. Aristóteles aceita a educação tradicional grega, considerando, no entanto, que esta deve ensinar conceitos úteis e necessários à vida prática. Por outro lado, Aristóteles defende que a virtude moral e o bom caráter também devem ser ensinados, considerando que tais atributos não eram inatos no ser humano.
- Aristóteles lembra ainda que a Política deve preparar as leis que permita a educação para a virtude, caminho para a felicidade dos cidadãos. Segundo Aristóteles, todas as coisas possuem uma causa final, uma finalidade. Toda ação é sempre intencional e, ao agir, sempre propomos ou visamos algum fim. Essa finalidade é ser feliz. Além disso, o bom cidadão é aquele que observa as leis da cidade e a educação deve visar este cidadão, pois o indivíduo que vive de acordo com a observância das leis da cidade é também virtuoso (MEDEIROS, 2013, p. 1).
Compreendendo
tais informações, nas seções seguintes aborda-se a filosofia
oriental e sua aplicabilidade contemporânea, bem como o
confucionismo na modernidade.
2.2
A FILOSOFIA ORIENTAL E SUA APLICABILIDADE CONTEMPORÂNEA
A
filosofia como é concebida e adotada na atualidade e expressa por
discursos e falas que nos orientam quanto a nossas práticas
cotidianas e comportamentos, se iniciou na antiguidade, a filosofia é
considerada como um modo de conduzir as ações e decisões em nossa
vida, de superar dificuldades e encontrar a felicidade, viver com
base em uma filosofia mostra-se um verdadeiro exercício, a adoção
de uma filosofia denota uma forma de autotransformação. Se a
filosofia ocidental foi originada do amor ao conhecimento e
curiosidade, a filosofia oriental visava finalidades práticas.
De
acordo com Lima (2016), diversos aprendizados foram obtidos por meio
da filosofia oriental e são aplicados na vida contemporânea no
ocidente, por exemplo, os conceitos de disciplina, eficiência e
técnica, muito aplicados na administração, são conceitos advindos
do oriente, cuja filosofia sempre foi admirada e adotada no “mundo
dos negócios”, devido a resultados, cultura e processos
diferenciados.
O
autor cita cinco como os principais aprendizados da filosofia
oriental e que são adotados e utilizados na era contemporânea pela
cultura ocidental:
- Aprendizado por meio da prática: o termo lean popularizado pela Toyota é um exemplo de que na filosofia oriental não há separação entre teoria e prática, além disso, adota o processo denominado como Genchi Gembutsu, que remete a tomada de decisões que são embasadas no conhecimento direto e experiência própria e individual.
- A formação como base inicial: a responsabilidade e independência são valores impostos por meio de treinamento, um exemplo disso, é que as crianças a partir do jardim de infância seguem sozinhas para a
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escola
em pequenos grupos, sendo apenas supervisionadas por um adulto que
somente intervirá caso haja eminencia de perigo. Além disso a
liderança requer conhecimento prático, de modo que lidere-se pelo
exemplo e não pela força.
- Relevância de tempo e energia: Nesta filosofia, eficiência corresponde a executar uma atividade com tempo e energia na medida certa conforme citado em “A arte da guerra”:
“Velocidade
é a essência da guerra. Tire proveito do despreparo do seu inimigo,
transforme seu caminho em rotas desesperadas e ataque nos sinais de
descuido.”
“O
combatente inteligente olha para o efeito combinado de energia e não
necessita de tantos indivíduos
assim.”
Assim
compreende-se que não basta o emprego máximo da força no momento
equivocado, a energia certa no momento certo corresponde a eficiência
e excelência, seu modo de perceber o tempo também é diferenciado,
sendo valorizado o agora, uma vez que o futuro é incerto.
- O autoconhecimento é valorizado: Os orientais enfatizam sempre a relevância de conhecer os próprios “pontos fortes e pontos fracos”, ou seja, é preciso conhecer e admitir sua fraqueza de modo a transformá-la em aprendizado, e de igual modo, estar aberto a novas aprendizados. E assim, sempre aprimorar suas habilidades e pontos fortes. A valorização do autoconhecimento considera a possibilidade de se reinventar com a própria essência.
- Consistência: Abrange o modo de viver com disciplina, algo extremamente importante para os orientais, sendo vista por eles como uma capacidade de suportar frustrações imediatas visando um propósito maior, as empresas que aderem a essa filosofia não valorizam o sucesso de conquistas instantâneas, mas valorizam construções com base em cada pequena conquista, ou seja, manter uma evolução regular e consistente independente da jornada.
Além
de influenciar a ética, a política, e a filosofia ocidental em si,
a aplicabilidade da filosofia oriental
- muito comum na gestão de empresas e liderança, sendo um dos livros mais populares o já citado “A arte da Guerra”, escrito durante o século IV A.C., de Sun Tzu, general chinês, autor que escreveu sobre táticas milenares de combate, que podem ser aplicadas na atuação pessoal e profissional visando o sucesso, sendo possivelmente, uma das inspirações para os conceitos de logística.
O
livro é considerado um clássico da literatura mundial, sendo o
primeiro tratado militar registrado. O foco é explanar acerca das
táticas de combate e aniquilação dos inimigos, estando no topo
dentre os mais populares livros, lido por públicos variados, sendo
seus ensinamentos aplicados em relações de trabalho e pessoais.
Traduzido
para inúmeros idiomas, este foi usado por militares como Napoleão,
Adolf Hitler e Mao Tsé Tung, cita a importância do planejamento e
análise, da criação de táticas, estratégias de ataque e defesa,
a importância de se conhecer os pontos fortes e fracos de si e de
seus “inimigos”/concorrentes, a importância das
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manobras
e variações táticas, de conhecer o terreno, possíveis situações,
espionagem e planejamento dos objetivos.
Um
dos focos de Tzu é o reconhecimento do próprio eu como o maior
inimigo, a necessidade de saber lidar com frieza em determinadas
situações, deixando de lado a ansiedade, raiva, rancor que somente
afetam a tomada de decisões acertadas.
Além
disso, Tzu ainda aborda a importância do trabalho em equipe, da
valorização de bons “soldados”, e de se observar e conhecer o
adversário, somente conhecendo as vulnerabilidade de si próprio e
do seu inimigo é possível vencer um combate, os inúmeros saberes e
técnicas fizeram com que o livro se tornasse popular para diversos
públicos, que passaram a aplicar esses ensinamentos e estratégias
para enfrentar problemas cotidianos, e nas relações empresariais,
afetivas, em disputas profissionais como no marketing e em
negociações, e em ambientes de disputa.
A
filosofia oriental é originada na índia, Japão e na China, grandes
impérios asiáticos dotados de cultura literária e religiosa,
possuidores de um amplo arquivo de documentos de suas atividades
intelectuais milenares. Entre as filosofias orientais e seus
princípios, estão o Brahmanismo (voltado para o domínio da mente)
e o Budismo (MORA, 2004).
O
Budismo é uma religião e filosofia difundida em todo o mundo,
fundamentada pelos ensinamentos de Siddharta Gautama (Buda),
originada a cerca de 2.500 anos, esta visa o condicionamento da mente
para o alcance da paz, sabedoria, serenidade, felicidade e liberdade,
e aprimorar a espiritualidade do homem, e criou o conceito de que a
espiritualidade saudável representa a saúde do corpo físico, o
principal conceito da doutrina Budista é de que as respostas do
homem se encontram em seu próprio interior (PERCÍLIA, 2013).
Cabral
(2012) conceitua o hinduísmo como uma filosofia de ordem religiosa,
abrangendo tradições culturais, bem como valores e crenças
compostos por culturas de diferentes povos, sendo adaptadas até o
que se conhece na atualidade e divide-se em três fases:
Na
primeira fase, chamada de Hinduísmo Védico, cultuava-se deuses
tribais como Dyaus (deus do céu, deus supremo) que gerou outros
deuses.
Na
segunda fase, a partir de adaptações de outras religiões, surgiu o
Hinduísmo Bramânico que cultuava a trindade composta por Brahma
(divindade da alma universal), Vishnu (divindade preservadora) e
Shiva (divindade destruidora).
Na
terceira fase percebem-se diferentes adaptações influenciadas por
religiões a partir do cristianismo, islamismo e outras. O Hinduísmo
Híbrido surgiu então como a agregação de diversas influências
(CABRAL, 2012, p. 1).
O
hinduísmo tem como principais preceitos a lei do carma, que acredita
que a trajetória da alma é traçada conforme as ações praticadas
na terra, a alma é libertada no final ao atingir a libertação
(moksha), onde se determina o fim do ciclo da morte e do
renascimento, os rituais abrangem a meditação (Darshan) e a
oferenda aos deuses (Puja), requer uma alimentação vegetariana,
entoação de mantras (preces cantadas), tem como Deuses: Shiva - o
princípio masculino - Parvati (mãe), Durga (deusa da beleza), Kali
(senhora da
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destruição)
e Lakshmi (senhora da arte e da criatividade).suas esposas
representantes do princípio feminino (CABRAL, 2012).
Coltri
(2013), ainda apresenta o taoísmo, religião de filosofia chinesa,
baseada no sistema politeísta e filosófico, com crenças
semelhantes aos antigos elementos místicos e enigmáticos da
religião popular chinesa, nesta, cultua-se os ancestrais, há ainda
rituais de exorcismo, alquimia e magia. Esta porém, se originou no
século II e abrangeu elementos religiosos mais antigos da China,
enfatizando a observação das leis da
natureza,
que possui uma identidade advinda de uma única fonte, o Tao, que
significa “caminho, trilha, estrada”.
Ainda
de acordo com o autor, há o Xintoísmo, filosofia criada antes do
budismo, se popularizando no Japão no século VI, abrange um
conjunto de ritos e mitos que explicam a origem do mundo, do Japão e
da família imperial japonesa. A origem do termo advém de xinto,
que quer dizer “caminhos dos deuses”, o xintoísmo é considerada
uma religião nacional do Japão, que abrange crenças e práticas
religiosas animistas, este não possui um fundador específico, livro
sagrado, dogmas ou código moral.
Coltri
(2013) ainda define o Confucionismo como a ideologia religiosa e
sociopolítica de Koung Fou Tseu, o Confúcio como é conhecido na
língua latina, este tem como princípios o junchaio,
considerados os ensinamentos dos sábios, definindo o Tao (caminho
superior), como uma forma de se manter em uma vida equilibrada, onde
se satisfazem as vontades do céu e da terra.
Confúcio
era um modelo de comportamento e uma fonte de respostas para os
anseios do povo, sua filosofia se fundia com outros cultos religiosos
da antiguidade chinesa, originando um sincretismo de religiões.
Sua
doutrina fundamenta-se na busca pelo Tao, a harmonia da vida e do
mundo. Para atingir o Tao, o Confucionismo coloca a família como
base de uma sociedade em que todos os seres humanos vivem em
harmonia. Esta família começa nos governantes, que devem amar o
povo como verdadeiros pais, e termina nos súditos, que tem o dever
de ser obedientes e humildes como filhos. Outra das características
presentes no Confucionismo é o culto aos antepassados. Para
Confúcio, os seres humanos são formados por quatro dimensões:
- O Eu
- A Comunidade
- A Natureza
- O Céu
Além
disso, prega que os seres humanos tem que possuir cinco virtudes
essenciais que são: Amar o próximo, ser justo, ter comportamento
adequado. ter consciência da vontade dos céus e cultivar a
sabedoria e a sinceridade (COLTRI, 2013, p. 1)
Assim,
considera-se que dentre os diversos ritos tradicionais do
confucionismo estão: a reverência e culto aos antepassados,
oferendas aos mortos, valorização do casamento como uma forma de
continuação da tradição (COLTRI, 2013).
2.3
O CONFUCIONISMO NA MODERNIDADE
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em Filosofia e Autoconhecimento: Uso Pessoal e Profissional
Acredita-se
que Confúcio seja o maior filósofo da história chinesa, e um dos
mais estudados na história da humanidade, com ensinamentos
transmitidos por gerações, orientando e influenciando aspectos
diversos da vida social por milhares de anos, Confúcio nasceu por
volta de 550 a.C., e era detentor de aspirações políticas, em um
momento de divisão, o país estava dividido, tanto geográfica
quanto filosoficamente em meio a múltipla competição pelo controle
político e social, período em que foram originados os pensamentos
filosóficos e culturais de Lao-Tzu e Chuang-Tzu (ZHOU, 2008).
De
acordo com Silva (1999, p. 1), as doutrinas confucionistas podem ser
resumidas em seis palavras-chaves:
- Jen - humanitarismo, cortesia, bondade, benevolência. É a norma da reciprocidade, ou seja, "não faça aos outros o que você não gostaria que lhe fizessem." Esta é a virtude mais elevada do Confucionismo. Segundo ensinam, se o homem colocá-la em prática, ele poderá viver em paz e em harmonia com as outras pessoas (Anacletos 15:24). Porém, desde o princípio da humanidade, o gênero humano nunca foi por si próprio, ou pelo seu esforço, capaz de estabelecer esta paz ou harmonia. O exemplo vemos na história antiga e contemporânea: Egito, Babilônia, Grécia, Roma, I & II Guerras Mundiais, Bósnia, Ruanda, Iraque, e a lista não teria fim.
- Chun-tzu - homem superior, virilidade. Segundo Confúcio, o homem para ser perfeito deve ter humildade, magnanimidade, sinceridade, diligência e amabilidade. Somente assim, ele poderá transformar a sociedade em um estado de paz. Porém, a realidade do ser humano é outra. O homem natural é egoista, soberbo e mal contra seu próximo. Isso podemos contemplar com os nossos olhos dia-a-dia, sem mencionar as injustiças e atrocidades contra os direitos humanos no Holocausto e na Praça Tiananmem em Beijing.
- Cheng-ming - Retificação dos nomes. Este conceito ensina que para uma sociedade estar em ordem, cada cidadão deveria ter um título designativo ou um papel, e afirmar-se neste papel no esquema da vida. O rei, atuando como rei, o pai como pai, o filho como filho, o servo como servo. (Anacletos, 12:11; 13:3)
- Te - poder, autoridade. Confúcio ensinava que a virtude do poder, e não a força física, era necessária para dirigir qualquer sociedade. Todo governante, segundo ele, deveria ter esta autoridade para inspirar seus súditos à obediência. Este conceito perdeu-se durante o tempo de Confúcio, dado à predominância das guerras e sobrepujança das dinastias entre si.
- Li - padrão de conduta exemplar, propriedade, reverência. Este conceito é tratado no Livro das Cerimônias (Li Ching), um dos Cinco Clássicos. Segundo Confúcio, cada governante deveria ser benevolente, proporcionar um bom padrão de vida para o povo e promover a educação moral e os ritos. Sem esta conduta, o homem não saberia oferecer a adoração correta aos espíritos do universo, não saberia estabelecer a diferença entre o rei e o súdito, não saberia a relação moral entre os sexos, e não saberia distinguir os diferentes graus de relacionamento na família (Li Ching, 27). Como exemplo perfeito de benevolência, ele exaltava o legendário Imperador Yao e seu sucessor, o Imperador Shun, os quais foram renomeados e constituiram, como diziam, "uma idade de ouro da antiguidade".
- Wen - artes nobres, que inclui: música, poesia e a arte em geral. Confúcio tinha uma grande estima pela arte vinda do período da Dinastia Chou, e considerava a música como a chave da harmonia universal. Ele cria que toda expressão artística era símbolo da virtude e que deveria ser manifesta na sociedade. Para Confúcio, a música era um reflexo do homem superior e espelhava seu caráter verdadeiro.
Quanto
ao pensamento confuciano, este com seus elementos básicos tornou-se
um guia para os valores morais e para a conduta social adequada,
visando a justiça, o caráter moral elevado, e direcionando
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aos
governantes tal responsabilidade, o que seria o exemplo e ainda
deveria capacitar o povo a segui-lo, defendendo a ideia de
reciprocidade e governo responsável, de “não fazer aos outros
aquilo que nos desagrada”, no entanto embora rotulado como uma
religião, este se tornou um sistema de pensamentos e ritos sociais
preocupado com as necessidades da sociedade chinesa e seus
relacionamentos sociais, diferente do budismo e do taoísmo, o
confucionismo se desvencilha dos temas relacionados ao papel da
natureza ou vida após morte, no entanto, preconiza uma civilização
harmônica com base em um governo baseado em um sistema de métodos
padronizado e universalmente compreendido, sendo o defensor das
seguintes qualidades: benevolência, retidão, decoro, sabedoria e
honestidade (ZHOU, 2008).
De
acordo com Fumoto (2016), a aplicabilidade e disseminação dos
conteúdos do Confucionismo
foram
limitados devido a perseguição ao longo do regime de Mao Tse Tung,
especialmente durante a Revolução Cultural, pelo fato de serem
considerados uma limitação.
Devido
ao autoritarismo, a China, é extremamente conservadora, assim,
muitos sacerdotes confucionistas chegaram a ser presos pelo governo
comunista, no entanto a disseminação dessa cultura na atualidade
foi liberada pelo governo,e assim, o autor cita que as ideias de
Confúcio estão novamente reavivadas na sociedade chinesa.
Quanto
ao ocidente, observa-se que a influência
confucionista não foi limitada, pois, ao longo dos
séculos,
os seus ideais foram sempre divulgados e reforçados, principalmente
quanto ao dever de respeitar os pais e antepassados, valoriza-se a
educação (FUMOTO, 2018)
Carvalho
(2016) reforça que a doutrina de Confúcio ressoa no chinês ainda
nos dias contemporâneos, qualquer cidadão Chinês conhece as lições
confucionistas e acredita que essas ainda exercem alguma influência
sobre a sociedade chinesa. Tem-se como a primeira lição
confucionista que lhes vem à mente é a do dever de obediência aos
pais. Ainda de acordo com o autor, acredita-se na adoção contínua
do Confucionismo como uma inspiração para que se possa ser uma
versão melhor de si mesmos, considerando a riqueza material e
espiritual como frágil, pois não resistem aos tempos de grandes
provações. Confúcio deixou ensinamentos que são matéria-prima
para realizações no futuro (CARVALHO, 2016).
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em Filosofia e Autoconhecimento: Uso Pessoal e Profissional
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Buscando
compreender as principais influências e aplicabilidades da filosofia
oriental com ênfase no confucionismo para a sociedade contemporânea,
realizou-se a presente pesquisa bibliográfica a qual leva a
conclusão de que, o Confucionismo já passou tempos esquecido, no
entanto, na atualidade, vem despertando um interesse cada vez maior
tanto na China quanto em outros países emergentes, sendo seus
conceitos analisados e debatidos no meio acadêmico filosófico,
social e empresarial, servindo como orientação para líderes e
profissionais autônomos.
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em Filosofia e Autoconhecimento: Uso Pessoal e Profissional
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